Diminuição de produção de azeitonas em 2012/13 – Preços altos para o azeite -Especulação
Sabemos que nessa campanha 2012/2013 teremos uma retração na produção de azeitonas ao redor do mundo em função de problemas de ordem climática que influenciaram a produção . Isso é um fator incontrolável e temos que nos adaptar ao mesmo. As especulações em torno de arrefecimento da produção de azeites toma espaço nos meios de comunicação e ao mesmo tempo prepara os consumidores para o aumento de preços. Isso é uma consequência natural do fenomeno econômico da oferta e da procura e também fruto da especulação.
No entanto sabemos também que o mercado consumidor depois de bons anos de oferta também sofre um retração. Os dados apresentados pelo COI(2011/12) é de uma retração. de cerca de 100 mil toneladas no consumo mundial contra uma diminuição de cerca de 700 mil toneladas na produção. Na campanha passada houve uma produção de 3, 4 milhões de toneladas e um consumo de 3,2 milhões de toneladas. Para a atual campanha as previsões de produção são de 2,7 milhões de toneladas para um consumo de 3,1 milhões de toneladas Teremos , então, uma carência de 400 mil toneladas de azeites que deverá ser suprida pelos estoques existentes que estão na ordem de 916 mil toneladas.
A situação é preocupante com relação ao desabastecimento geral de azeites de oliva para 2013/14/? A resposta é não . Se considerarmos que apesar dessa queda de produção os estoques de azeites ainda permanecerão na ordem de 516 mil toneladas e que ,também, poderemos ter uma diminuição de consumo para 2013, ainda maior que os números apresentados .
Há apenas uma forte tendência para especulação e para o aumento dos preços do azeite em todo o mundo baseado na atual situação. A preocupação com a falta do produto ou aumento de preços só faria sentido se durante a campanha 2013/2014 a produção voltasse a cair ou permanecer na previsão de 2,7 milhões de toneladas e houvesse um aumento significativo no consumo mundial o que pelo cenário atual não nos permite prever, já que há queda no consumo. com raras e honrosas excessões que são o aumento no consumo dos EUA(considerando sua produção interna de cerca de 12 mil toneladas) e do Brasil ambos com 9%(2011/12) de aumento,China (novo mercado) , Japão e Russia.
Se a atual tendência de alta nos preços para o consumidor se concretizar, também haverá uma tendência natural de que o mesmo opte por utilizar outras graxas que tenham valores mais acessiveis para substituir o azeite nos grandes centros consumidores produtores ou não e que possuem outras opções de gorduras.
A alta dos preços sempre se faz sentir de uma forma mais intensa nos paises não produtores e são esses justamente que tem outras opções para substituir o azeite de oliva que é um produto considerado mais eletizado. Assim a alta de preços pode ser uma faca de dois gumes para o comércio de azeites nos paises não produtores e pode , inclusive, contribuir de forma significativa para uma retração comercial desses produtos, nociva, inclusive, para um trabalho de promoção de consumo de azeites . Esforço esse feito através de campanhas de incentivo baseada no binômio azeite/saúde.
Por outro lado temos que considerar que o azeite é um produto perecivel e a manutenção do mesmo estocado por periodos longos faz com que ele perca qualidade e não cumpra o seu papel que é o de ser um forte elemento nutricional e salutar a saúde humana. Assim uma maior rotatividade do produto faz com que o consumidor saia ganhando pela melhoria da qualidade do azeite a ser oferecido. Isso tudo se for feito um controle importante na venda desse produto porque se houver por acaso falta aumentará a tendência de falsificações e mesclas(que já existem) do mesmo para suprir as necessidades do mercado.
A conclusão que parece que devemos chegar é que aumentos significativos de preços podem prejudicar sobremaneira o comércio de azeites ao redor do mundo e prejudicar os paises produtores e o próprio produto.
Diminuição de consumo campanhas 2010/2011- 2011/12 de alguns paises:
Itália de 724.500 ton para 695.000 ton
Espanha de 582.000 ton para 550.000 ton
Grécia de 212.500 ton para 208.000 ton
Marrocos de 120,000 ton para 110.000 ton
Portugal de 76.000 ton para 68.000 ton.
texto: Guajará J. Oliveira
Expert em Azeites de Oliva Virgem -Universidade de Jaén-Espanha.