Entrevista com o Dr. Juan M. Caballero, engenheiro agrônomo, professor do mestrado e doutorado na Universidade de Córdoba-Espanha, autor de vários livros sobre a olivicultura, entre os quais destacamos “El Cultivo del Olivo” a biblia do segmento, foi Assessor para Olivicultura da FAO, introdutor do método de multiplicação de oliveiras na nova olivicultura espanhola,Diretor do Curso de Olivicultura do Instituto de Investigación Agrária Y Pesquera da Andaluzia, Assessorou vários paises na implantação de novas técnicas na olivicultura, como Tunisia, Egito, Marrocos, Turquia, Arabia Saudita, Uruguai,Argentina.etc.,organizador da 2ª jornada internacional de Olivicultura de Porto Alegre.
Dr. Juan Caballero qual sua opinião a respeito da possibilidade de desenvolvimento da olivicultura no RGS e no Brasil?
Em principio , quando recordamos que o Brasil não é um país olivareiro, penso que pode haver motivos para que seja assim, motivos, principalmente, climaticos.Mas o Brasil é um país muito grande , inclusive o RGS que é muito grande também, penso que , sem duvida, há lugares e regións que se deem las condições adecuadas para o cultivo da oliveira. De outra parte já observamos que se está obtendo azeitonas em várias partes do país.
Dr. Juan quais são as técnicas mais adequadas para começar o plantio no RGS já que conheces um pouco das condições climaticas de nosso Estado?
Não entendo bem a pergunta, más se referirmos a densidade de plantações das oliveiras creio que as plantações muito densas sem duvida terão mais dificuldads que outras mais medianas. Digo isso porque há muita chuva no Estado que podem provocar uma maior incidência de pragas e enfermidades, principalmente enfermidades.
Dr Caballero complementando, então, existem limitações para plantar oliveiras? quais as principais?
As principais limitações são do tipo de clima e dessas limitações a mais importante é a necessidade de uma determinada quantidade de horas frio no inverno de forma que aparecem as gemas florais em função do repouso da árvore. É preciso que a partir desse momento a temperatura vá aumentando paulatinamente para que na primavera se possa produzir uma floração de qualidade. é obvio que não devemos ter geadas e neve durante essa fase de floração. Outro inconviniente pode ser o excesso de chuvas nas épocas críticas, principalmente na floração e durante a fase final do desenvolvimento da fruta. Já mencionei que o excesso de chuvas pode favorecer o desenvolvimento de pragas e enfermidades, que no melhor dos casos necessitam tratamento preventivo e/ou curativos, provavelmente em número maior que nos lugares tradicionais de cultivo. quanto ao solo , o mais importante é que se tenha uma boa profundidade útil de ao menos 60-80 cm, com boa permeabilidade e melhor capacidade de drenagem. Convém que o PH do solo não seja demasiado ácido, ao menos 6,0, embora seja melhor que o solo seja o mais alcalino possivel.Se pode aplicar correções para o PH ácido, mas não deixa de ser um custo adicional que haverá de se repetir durante a vida da plantação.
Hoje em nosso Estado temos plantações das variedades arbequina , koroneiki, arbosana e que estão produzindo.Pensas que poderemos plantar outras variedades aquino RGS?
Sem dúvida que sim, mas se deveria fazer com um prévio ensaio de variedades realizado em diversos lugares em que se possa pensar que irão bem . Seria conveniente que alguma instituição pública ou não de pesquisas se encarregasse desses ensaios o quanto antes, caso não se esteja fazendo já, pois isso permitiria prevenir fracassos como os que aconteceram em outros lugares.
Podemos produzir azeites de qualidade? Conheces algum azeite do RGS? Conheces alguma propriedade que esteja produzindo azeites e azeitonas de qualidade?
Como disse antes, já se está produzindo azeites no RGS, alguns dos quais tive a oportunidade de provar. Trata-se dos azeites produzidos na chácara Cerro dos Olivais em Caçapava do Sul. É uma composição a base de azeites picual , koroneiki e de arbequina. São azeites que me pareceram muito bons equilibrados em suas características organolépticas, que se pode apreciar muito bem.
Em sua opinião qual é a quantidade (ton/ha) necessária para ser viavel uma plantação de oliveiras?
A resposta depende muito do preço que se pode vender o azeite. Asim com dos custos de produção que aqui podem ser menores em função do custo operacional do cultivo, mas, também, podem aumentar pela possivel maior incidência de pragas e enfermidades. Em qualquer caso, para se conseguir um cultivo rentável deveremos pensar em produções de mais de 10 ton/ha, com rendimentos de produção de azeites ao menos 20% do peso da fruta. embora seja melhor falar sobre peso seco. Em tal caso se deveria alcançar ao menos uns 40 / 45%.
Quais as iniciativas que se fez no RGS e qual as que estão sendo projetadas para se fazer para dar um melhor conhecimento da cultura aqui no Estado e no Brasil ?
Em vários Estados do Brasil se está desenvolvendo atividades com o fim de promover o cultivo da oliveira em função do grande incremneto das importações de azeite de oliva e de azeitonas de mesa. Para falar so do RGS em 2010 teve uma Jornada Internacional de Olivicultura com a participação de palestrantes brasileiros, espanhois e com a asssistencia de grande quantidade de pessoas muito interessadas.Atualmente se está preparando a 1ª Feira Internacional de Negócios em Olivicultura para os primeiros dias de setembro de 2014 na PUCRS de Porto Alegre. Dita Feira terá muitas outras atividades a parte da própria Feira, entre as quais destaco, a 2ª Jornada Internacional de Olivicultura, o 1º concurso Internacional de azeites virgem extra, para o qual , sem duvida, virão os melhores azeites do mundo, análises sensoriais de azeites dirigidas para que os assistentes possam degustar esses azeites de grande qualidade e encontros com a imprensa em geral e com a gastronômica em particular.
Outras considerações que o Senhor pensa que sejam importantes sobre a olivicultura em geral e no RGS ?
Quanto se começa a cultivar oliveiras fora de seu habitat tradicional, que são os paises da Bacia Mediterrânea, sempre existe quem se preocupa porque pode aumentar demasiada a produção, com os conseguintes prejuizos para os produtores , se essa nova produção produz uma baixa dos preços de venda. Por oportuno se recordar que o azeite de oliva é o único obtido de uma fruta e mais por meios naturais, sem nada de química. O azeite de oliva virgem extra é um suco de azeitonas recolhidas em seu momento ótimo de madurez, processadas no mesmo dia por meios somente físicos: moagem das azeitonas, batida da pasta e centrifucação da mesma, todos esses procedimentos com temperaturas inferiores a 30ºC, que matém todas as características organolépticas de aroma , sabor das ditas azeitonas. Por outra parte , dada a grande quantidade de variedades disponiveis e a diversidade dos meios em que se cultivam as oliveiras, dispomos de uma grande variedade de azeites no mundo. Embora eles possam alcançar a classificação de virgem extra somente com o melhor trato do cultivo, da elaboração do azeites na indústria e em condições adequadas.
De outra parte a grande proporção de ácido oleico do azeite de oliva, assim como sua fração insaponificável,são responsáveis de outra característica exlcusida dos azeites extra virgem , que é seu grande valor como protetor da saúde humana já que tem muitos efeitos benéficos sobre a mesma. Essas características de alimento natural e saudável tem sido sem duvida responsável pelo grande aumento de consumo da produção mundial dos azeites de oliva nos últimos anos. Apesar da pouca importância quantitativa de produção do azeite de oliva em relação as demais graxas produzidas no mundo(cerca de 2%) a por isso há possibilidade de aumento de produção. Para terminar aproveito para insistir que o azeite de oliva é muito mais que uma graxa para cozinhar , se trata de um suco natural , com características só suas que são responsáveis pelas suas bondades com relação a alimentação e a saúde do homem.
entrevista/tradução : espanhol /português – Guajará J. Oliveira – texto original arquivado na ARGOS