A   R   G   O   S

A Xylella Fastidiosa já está entre nós – parte II

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A Xylella Fastidiosa(porque age lentamente) é uma bactéria  que é introduzida no xiloma da oliveira  pelo seu principal vetor que é a cigarrinha muito comum em cafezais, plantações de cítricos e algumas plantas ornamentais. O inseto sugador  quando está infectado em seu estomago pela xylella ao introduzir seu aparelho sugador no xiloma da oliveira  libera a xylella que  se instala nas paredes dos xilomas ai reproduzindo-se.  O xiloma é uma  espécie de canal,vaso ou condutor que transporta a seiva para toda a árvore levando nutrientes a todas as partes da mesma. Quando ali instalada a bactéria se multiplica  dentro desse vaso colando-se as paredes do mesmo como uma espécie de goma  obstruindo-o, não deixando, assim ,  a seiva passar  matando a árvore por falta de nutrientes(em uma linguagem mais simples). Em uma área infectada com a xylella a multiplicação da doença acontece sem controle já que o inseto sugador passa por várias árvores sugando seiva e espalhando a bactéria. Atualmente não existe o antidoto para o combate a enfermidade. É lógico que tem variedades resistentes a bactéria. Já foi detectado em estudos na Espanha  e Itália que , por exemplo a variedade Lecchino  é resistente . Isso , no entanto, não é  suficiente para termos efetividade no controle do problema. A supernutrição da planta também não resolve pois o problema  é de outra natureza . A subespécie,digamos assim,do patógeno mais corrosivo  é a “pauca” .Temos alguns informes que em São Paulo e Minas Gerais que é esse o patógeno instalado nas plantações.  O controle da enfermidade  nos países onde já foi detectada esse patógeno é através das seguintes medidas: arrancar as árvores infectadas para evitar a a propagação; isolar as áreas com barreiras de até 15 km do local infectado;queimar as plantas doentes e controlar a produção de mudas nos viveiros para que não usem estacas contaminadas quando da produção destas  .  Foi o caso do sul da Itália e de alguns viveiros na ilha de Mallorca, assim como fazer uma ampla limpeza nos terrenos a fim de controlar as cigarrinhas.  Segundo informes internacionais a introdução da enfermidade na Europa deu-se com a importação de plantas de cafés e plantas ornamentais oriundas da América Central. Nossa olivicultura é baseada em variedades suscetíveis a enfermidade. O erro aqui presente sempre foi privilegiar o interesse de alguns.  Assim não temos como nos livrar de problemas dessa natureza  com tão poucas variedades plantadas no Brasil. Aqui sempre prevaleceu o imediatismo e a falta de planejamento técnico para implantação da cultura por varias questões a pior delas o desconhecimento técnico da cultura e leituras superficiais na web. A ARGOS  vem alertando isso desde sua fundação , ou seja, desde 2007 mas  sempre prevalece o interesse de poucos que submetem os demais, manipulando instituições públicas infectadas com funcionários mal preparados que agem de forma parcial e pior sem conhecimento de causa. Agora baseado em um estudo publicado aqui que detalhou a infecção pela xylella em plantações no sudoeste do Brasil(felizmente tem esse estudo. No RGS não tem o problema por falta de estudos, mas certamente podemos ter plantações infectadas com a xylella), encaminhamos ao Ministro da Agricultura e Anvisa em 07/agosto/2018 carta pedindo providências para o controle da Xylella Fastidiosa imediatamente  sob pena e risco de termos a situação fora de controle, com os seguintes itens:

  1. Isolamento e imediato das áreas e municípios onde foram detectados os ataques da xylella(baseado nesse estudo), no passo seguinte queima das plantas infectadas;
  2. Interdição,se for o caso, de todos os viveiros que vendem oliveiras até  que  provem  tecnicamente que suas mudas não estão contaminadas . Em caso positivo a queima das mudas;
  3. Desenvolvimento de um programa de combate e controle da xylella emergencial
  4. Treinar técnicos governamentais isentos para o controle do problema. Nesse item a ARGOS se dispôs a ajudar viabilizando junto as Universidades de Jaén e Córdoba na Espanha treinamento de técnicos que atuam em campo não chefes de setor ou depto;
  5. Outras medidas profiláticas de sanidade necessárias;
  6. Se não forem tomadas providências será feita comunicação ao MPF  da situação para as providencias cabíveis

 

Esperemos que consigamos sair dessa enrascada. A situação é deveras preocupante e que isso sirva de lição para todos. A politica da olivicultura tem que ter o mote do equilíbrio e a defesa do interesse de todos indiscriminadamente e não o o interesse de alguns ou de viveiros que vendem mudas ou associações criadas especialmente para manipular todos e defender apenas interesses  específicos de uns e outros  e que tem benesses e apoio de funcionários públicos viciados  e tendenciosos. Com isso não se fez e não se fará olivicultura como opção agrícola.

A diferença entre a situação da nossa incipiente olivicultura das demais que são seculares nos países produtores  é que  eles tem um envolvimento maior com a cultura em função delas fazerem parte de sua economia e também de desenvolverem estudos técnicos/científicos sobre a olivicultura. Terem corpos de cientistas altamente preparados para tratar do tema . Aqui ainda estamos naquela fase de pensarmos que somos donos da verdade.Tem experimentos para tudo e para todos com variedades.Cada viveiro pensa que está descobrindo a América, parece o samba do “crioulo doido”.  A propósito de onde estão vindo essas variedades que não estão registradas nas normas do MAPA?  com autorização de quem?.Qual o controle sanitário delas? .  Se quisermos implantar, de fato, a cultura em nosso país teremos que mudar de procedimento. Usarmos da humildade que é a tônica de quem quer aprender e parar de fazer experiências que não levam a nada para justificar trabalhos , teses ou coisa que o valha que não tem , na maioria dos casos, aplicabilidade para o desenvolvimento da olivicultura. Temos que começar com a lição número 1 que é ter disponibilidade e humildade para aprender com quem sabe, planejar a cultura de forma série com o maior número de variedades possíveis que tenham possibilidade de adaptar-se e de serem  implantadas. Prevendo o problema relacionado com mudas (variedades  e outros) de oliveiras distintas em 2012 até 2013  a ARGOS trabalhou com a Associação de Viveiros da Argentina (AVOAR) para criar uma norma de importação de plantas daquele país. Foram 02 anos de luta junta ao MAPA, Ministério das  Relações Exteriores e Ministério da Agricultura da Argentina conseguimos uma Instrução Normativa  após o acerto entre os dos Ministérios de ambos os países com nossa intervenção  e acompanhamento. Essa Normativa está em vigor desde aquela época e permite  a importação de plantas da Argentina.  Nessa tentativa de melhorar também em parceria com a AVOAR tentamos disponibilizar um viveiro de mudas com técnicos da Argentina no município gaúcho de Carlos Barbosa, estranhamente após a  aquisição  do terreno para instalação de um viveiro internacional que atenderia  todos interessados indiscriminadamente com inúmeras opções de variedades   aquele município desistiu.Sabemos de onde veio a pressão para isso . O resultado está ai. Tempo perdido, olivicultor manipulado e tudo emperrado.

Nós como Entidade Representativa  que presa pela parte técnico/científica  isenta  voltada para atender o interesse de todos os olivicultores temos a obrigação de tomar esse tipo de atitude  para preservar investimentos no Setor e , também, preservar a cultura como opção agrícola.