Por: Guajará J. Oliveira
(Pres.da Assoc.Rio-Grandense de Olivicultores- ARGOS)
Nos últimos 05 anos o Brasil foi o país que mais importou azeite de oliva, em termos percentuais, no mundo. Segundo os dados estatísticos do Conselho Oleícola Internacional- COI, que controla, disciplina e regulamenta o comércio de azeites e azeitonas, apresentados na 98ª.reunião anual em 26.11.10 desse Organismo Internacional . De 2006 a 2010 o consumo de azeite de oliva no país cresceu cerca de 17,35% a/a em média. Para se ter uma idéia da importância desses números é preciso , ainda , levarmos em conta que nada produzimos nesse item. Isso pode dar uma boa noção da grandiosidade desses números. Enquanto os Estados Unidos, que são tradicionalmente os maiores importadores de azeites de oliva,, importaram 2 mil toneladas a mais em 2010 em relação a 2009, nós importamos 8,5 mil toneladas a mais nesse mesmo período. Não só importamos azeite mas , também, azeitonas em grandes quantidades para nosso consumo interno. Há muito tempo somos um dos maiores mercados importadores de azeitonas e sempre estamos entre os 05 maiores consumidores desse produto. Passamos no item azeite de oliva de um consumo de 26 mil toneladas ano em 2006 para 55,5 mil toneladas ano em 2010 e, no item azeitonas de 55,5 mil/ton em 2006 para 79 mil/ton. em 2010, com crescimento médio de 9,1% a/a.
O mercado consumidor no Brasil tende a crescer muito mais nos próximos anos. Se continuarmos importando nessa intensidade, certamente nos próximos 05 anos estará consumindo mais de 100 mil toneladas/ano de azeite e , também, de azeitonas.
Esse crescimento deve-se ao fato do brasileiro ter aumentado seu poder de compra e estar cada vez mais preocupando com sua saúde. Sabendo , por exemplo, no caso do consumo de azeite de oliva, que esse é um produto que tem valor fundamental para sua dieta alimentar.
Não é muito difícil hoje em dia encontrarmos uma certa abundância de azeites oferecidos em nossos supermercados. Com um consumo crescente e importante devemos passar a nos preocupar com qualidade e produção.
A qualidade, no caso de azeites de oliva, é de suma importância para que esse produto de fato exerça o papel fundamental em nossa dieta alimentar. Devemos e temos por obrigação ter mais informações a respeito da integridade dos azeites que consumimos e se de fato eles estão atendendo as normas de integridade que devem carregar em seus rótulos, coisa que hoje não temos por ser a legislação brasileira, que trata do assunto, precária e pouco consistente.
A produção, porque temos que passar a nos preocupar em produzir azeites e azeitonas brasileiras. A opção mercadológica e agrícola existe. Basta dar uma olhada nos números de consumo apresentados pelo COI.
Temos que começar a trabalhar mais essa opção agrícola e industrial como forma de agregar valor a matriz produtiva brasileira e oferecer a possibilidade de incrementar nossos investimentos.
Em um mercado mundial que cresce cerca de 2% aa, como é esse caso, cujo consumo está na casa dos 3 milhões de toneladas/ano atualmente, está na hora de despertarmos para o plantio de oliveiras em nosso país e , principalmente, nos Estados do Sul que tem condições plenas de desenvolverem a cultura.
Nós como entidade representativa, legalmente organizada, estamos trabalhando fortemente para inserção do Brasil nesse importante mercado que movimenta milhares de dólares/ano,não somente como consumidores que já somos, mas, também, como produtores. Primeiramente visando o mercado interno que é francamente comprador, para, em um segundo momento, exportar e criar divisas para o país, honrando nossa tradição de país agrícola.
As condições ideais estamos provando que temos, pois já existem plantações em parte do RGS e , também, no Estado de Minas Gerais. Começam haver movimentos para o plantio no Paraná, Santa Catarina e São Paulo.